Clássico. Uma palavra que evoca imagens de obras de arte consagradas, músicas que atravessam gerações e livros que continuam a nos impactar séculos após sua criação.
Mas o que realmente define um clássico?
O que faz com que certas criações resistam ao teste do tempo e continuem a nos fascinar, enquanto outras caem no esquecimento?
Clássico: um divisor de águas
Um clássico muitas vezes representa um divisor de águas na cultura, estabelecendo um "antes e um depois" em uma área de atuação.
Coco Chanel, por exemplo, revolucionou a moda ao transformar o vestido preto, antes associado a luto e servidão, em um símbolo de elegância e sofisticação.
Beethoven, por sua vez, rompeu com as convenções da música erudita de sua época, libertando-se do mecenato e explorando novas formas de expressão musical.
Sua obra, carregada de emoção e liberdade, influenciou gerações de compositores e continua a nos comover até hoje.
A influência duradoura dos clássicos
Outra característica marcante dos clássicos é sua influência duradoura ao longo do tempo.
Shakespeare, por exemplo, moldou a maneira como entendemos a natureza humana, explorando temas como amor, vingança, ambição e traição em peças que continuam a ser encenadas e reinterpretadas até os dias de hoje.
A influência de Shakespeare se estende para além do teatro, inspirando obras como "O Rei Leão", da Disney, que ecoa a trama de Hamlet, e "Game of Thrones", que evoca as intrigas e a violência de Macbeth.
Obras que nunca terminam de dizer o que têm a dizer
Italo Calvino, em seu livro "Por Que Ler os Clássicos", define um clássico como "um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer".
Essa definição se aplica a diversas obras de arte que, apesar de terem sido criadas em contextos históricos específicos, continuam a nos oferecer novas interpretações e sentidos a cada leitura, audição ou visualização.
Shakespeare, mais uma vez, exemplifica essa característica. Hamlet, com suas dúvidas e dilemas existenciais, continua a nos questionar sobre a natureza humana e o significado da vida, mesmo após séculos de sua criação.
As transições históricas
Os clássicos também podem marcar transições históricas importantes.
O Renascimento, por exemplo, representou uma mudança profunda na mentalidade ocidental, com a valorização do humanismo e a redescoberta da cultura clássica.
Artistas como Michelangelo, em suas esculturas e pinturas, capturaram essa mudança de forma magistral, retratando o corpo humano com realismo e expressividade.
No cinema, Alfred Hitchcock revolucionou o suspense com "Psicose", subvertendo as expectativas do público e criando uma obra atemporal que continua a nos surpreender e assustar.
Um reflexo de nós mesmos
Martin Scorsese, um cineasta e apaixonado por filmes clássicos, incentiva jovens artistas a estudarem as obras dos "velhos mestres" para enriquecer suas próprias criações.
Revisitar um clássico, seja um livro, filme, música ou obra de arte, é uma oportunidade de redescobrir sua beleza e profundidade, e de encontrar novos significados a cada experiência.
Italo Calvino também define um clássico como "aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele".
Os clássicos, portanto, nos ajudam a construir nossa identidade e a compreender nosso lugar no mundo.
Cada pessoa tem sua própria lista de clássicos, que refletem seus gostos, valores e experiências.
Essas obras nos acompanham ao longo da vida, nos desafiando, emocionando e inspirando.
Como nascem novos clássicos?
A cultura é dinâmica e está em constante transformação. Novos livros, filmes, músicas e obras de arte são criados a todo momento, e alguns deles têm o potencial de se tornarem clássicos no futuro.
Obras como "12 Anos de Escravidão" e os trabalhos da comediante Hannah Gadsby, por exemplo, já demonstram essa capacidade de impactar e transcender sua época.
A cada novo contato com uma obra clássica, somos presenteados com novas interpretações, novos sentidos e novos conhecimentos.
Revisitar um clássico é como reencontrar um velho amigo, com a diferença de que a cada encontro descobrimos algo novo e surpreendente.
Cabe a cada um de nós descobrir e apreciar essas obras atemporais, que continuam a nos encantar e desafiar ao longo da nossa história.